1.9.10

Feliz Aniversário

Feliz Aniversário!
Dez anos se passaram
Entre o primeiro tijolo
E o Castelo.

Muitos problemas foram postos,
Mentiras foram escritas.
Minha língua se feriu
E deu em verborragia.

Mas pouca coisa foi divulgada.
Pouco da minha angústia foi citada.
Talvez uma ou outra em rima maldita.
E só agora alguma coisa é tida
Por sólida. Quem sabe este Castelo.

Em dez anos, pouco me expus.
Adquiri cabelos brancos,
Fui desrespeitoso ao abusar
Dos versos mancos.
Angustiei-me, cansei de invejar.
Bebi todas as ilusões
E acho que continuo em coma.

Sonhei tão alto
E continuo em um Castelo
Que traduz o mundo.
Acho que pouco me serve.

Estou em um salão
Imenso, cantando ‘parabéns’ sozinho.
É vazio, sem flor nem balão.
Só há uma mesa nua
Pedindo por um pano de linho.

Também fico nu diante da mesa.
Roço-me nessa mesa.
Violento essa mesa.
Copulo com essa mesa.

Tudo bem, ninguém vem à festa.

Acho que me cansei dos tijolos.
Por isso falo do Castelo.

Mas os homens e as mulheres estão de fora.
Mas tenho vergonha do meu corpo pelado,
E medo de darem pauladas nas minhas crianças.

Mas tenho que me vestir.
Tenho que superar o Castelo.
Tenho que levar minhas crianças ao parque.
Sonho em encher o salão de festas.
“Parabéns.”
30/08/2010